Significado de Bainha
A análise teológica de um termo bíblico como Bainha, que na língua portuguesa se refere primariamente à cobertura de uma espada ou ao remate de uma peça de vestuário, exige uma abordagem que transcenda a mera definição lexical. Diferentemente de termos doutrinários centrais como graça (charis) ou justificação (dikaiosis), Bainha não possui um significado teológico inerente e direto. Em vez disso, seu valor reside nas conotações contextuais e simbólicas que as palavras hebraicas e gregas correspondentes assumem nas Escrituras. A perspectiva protestante evangélica, fundamentada na autoridade bíblica e na centralidade de Cristo, busca extrair verdades espirituais profundas mesmo de conceitos aparentemente mundanos, compreendendo que toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino (2 Timóteo 3:16).
Nesta análise, exploraremos as raízes linguísticas e o uso contextual das palavras que podem ser traduzidas como Bainha no Antigo e Novo Testamentos. Buscaremos desvendar como a ideia de contenção, revelação, poder ou mesmo humildade e fé é comunicada através desses conceitos. Focaremos na interpretação reformada, que enfatiza a soberania de Deus, a depravação total do homem, a eleição incondicional, a expiação limitada, a graça irresistível e a perseverança dos santos. Veremos como o simbolismo da Bainha, seja como recipiente de uma espada ou como a orla de uma veste, pode iluminar aspectos da obra redentora de Cristo e da vida prática do crente, sempre em submissão à Palavra de Deus.
1. Etimologia e raízes da Bainha no Antigo Testamento
No Antigo Testamento, a palavra portuguesa Bainha pode ser associada a diferentes termos hebraicos, dependendo do contexto. Principalmente, ela se refere à cobertura de uma espada ou ao remate de uma veste. A compreensão desses termos e seus usos contextuais é fundamental para discernir seu significado teológico implícito no pensamento hebraico.
1.1 Palavras hebraicas para "Bainha" e seus contextos
Para a "bainha" de uma espada, o termo hebraico mais relevante é תַּעַר (ta'ar), que pode significar "navalha", "baínha" ou "bainha da espada". Embora não seja um termo comum, seu uso é crucial. O conceito de uma espada guardada em sua Bainha é carregado de simbolismo. Representa um poder contido, uma ameaça latente ou uma ferramenta pronta para ser usada. A espada, em si, é frequentemente um símbolo de julgamento divino, guerra e justiça.
Um exemplo notável do uso da espada e sua implicação contextual aparece em passagens proféticas. Em Ezequiel 21:3-5, o Senhor fala de desembainhar Sua espada contra Israel, simbolizando um julgamento iminente e severo. A ideia de a espada ser "desembainhada" implica que ela estava em sua Bainha, contida, e agora é liberada para cumprir o propósito divino. Este é um poder que Deus exerce com soberania e justiça, não com arbitrariedade.
Outro termo hebraico que, embora não signifique "bainha" diretamente, pode evocar a ideia de "orla" ou "franja" de uma veste é צִיצִת (tzitzit), referindo-se às franjas rituais que os israelitas deviam usar em suas vestes (Números 15:38-40). Essas franjas serviam como um lembrete dos mandamentos de Deus, um símbolo de identidade e consagração. O conceito de uma "bainha" ou "orla" aqui denota algo que define, que separa e que tem um propósito ritualístico e moral.
1.2 O conceito de contenção e revelação no pensamento hebraico
A Bainha de uma espada, ao conter a lâmina, simboliza a contenção do poder e do julgamento. Quando a espada é desembainhada, o poder é revelado e exercido. Essa dinâmica de contenção e revelação reflete a própria natureza de Deus. Deus é justo e soberano, e Seu julgamento, embora certo, é muitas vezes contido pela Sua misericórdia e longanimidade (Salmo 103:8-9). No entanto, há um tempo para a revelação plena de Sua ira contra o pecado.
O profeta Jeremias, em Jeremias 47:6, clama à "espada do Senhor" para que se recolha na sua Bainha, cessando a destruição. Isso ilustra o reconhecimento de que a espada é um instrumento da vontade divina e que somente Deus pode decidir quando ela deve ser contida ou liberada. Este clamor reflete uma profunda compreensão da soberania de Deus sobre a história e os destinos das nações.
A orla da veste, por sua vez, pode simbolizar a autoridade ou a identidade de uma pessoa. Em 1 Samuel 24:4-5, Davi corta a orla do manto de Saul, um ato que o atormenta porque ele havia ferido a autoridade do ungido do Senhor. A "bainha" da veste, neste caso, não é apenas um adorno, mas uma extensão da dignidade e do status da pessoa. Portanto, no AT, a Bainha, em suas diferentes manifestações, aponta para princípios de autoridade, julgamento contido e identidade, elementos cruciais para o entendimento da relação de Deus com Seu povo.
2. Bainha no Novo Testamento e seu significado
No Novo Testamento, a palavra Bainha também se manifesta em dois contextos principais: a cobertura da espada e a orla de uma veste. No entanto, sua significância teológica é profundamente transformada e enriquecida pela pessoa e obra de Jesus Cristo. Aqui, as palavras gregas correspondentes adquirem um novo peso e apontam para a natureza do Reino de Deus e o poder da fé.
2.1 A palavra grega para "Bainha" de espada e seu uso
Para a "bainha" de uma espada, a palavra grega é κολεός (koleos). Seu uso mais proeminente e teologicamente carregado ocorre nos relatos da prisão de Jesus, quando Pedro desembainha sua espada e corta a orelha de Malco. Jesus, ao repreender Pedro, ordena: "Mete a tua espada na Bainha" (Mateus 26:52). Esta mesma ordem é registrada em João 18:11, onde Jesus diz: "Mete a tua espada na Bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?".
Este mandamento de Jesus é profundamente significativo. Primeiro, ele revela a natureza do Reino de Cristo. Não é um reino estabelecido ou defendido por violência e força humana (João 18:36). A intervenção violenta de Pedro era contrária à vontade de Deus e ao plano redentor. Segundo, a ordem de Jesus demonstra Sua submissão incondicional à vontade do Pai. Ele estava disposto a sofrer e morrer, cumprindo as Escrituras, e não permitindo que a ação humana impedisse o plano divino (Mateus 26:53-54).
A "bainha" aqui simboliza o abandono da autodefesa e da justiça própria, e a aceitação do caminho divino da cruz. Para o crente, "meter a espada na Bainha" significa renunciar à retaliação, à vingança e à confiança na força humana, e abraçar a mansidão, a submissão a Deus e a confiança em Sua providência. Isso ressoa com a ética do Sermão da Montanha, onde Jesus ensina a amar os inimigos e a não resistir ao mal com o mal (Mateus 5:38-48).
2.2 A "Bainha" da veste e a manifestação do poder de Cristo
A "bainha" ou "orla" de uma veste é traduzida pelo grego κράσπεδον (kraspedon). Este termo se torna teologicamente relevante no episódio da mulher com hemorragia que toca a orla do manto de Jesus (Mateus 9:20; Marcos 5:27-28; Lucas 8:44). A mulher, em sua fé desesperada, acreditava que apenas tocar a Bainha da veste de Jesus seria suficiente para sua cura. E assim foi. Jesus percebeu que "virtude saiu dele" (Lucas 8:46) e a mulher foi curada.
Este evento demonstra o poder inerente de Cristo e a eficácia da fé. A Bainha da veste de Jesus não possuía poder mágico em si mesma, mas serviu como o ponto de contato para a fé da mulher. Ela não tocou um ídolo ou um amuleto, mas o próprio Jesus através de Sua veste, simbolizando Sua humanidade e acessibilidade. A fé da mulher foi o canal pelo qual o poder salvífico de Cristo foi manifestado. Este milagre sublinha a verdade de que a salvação e a cura vêm de Cristo, e a fé é o meio de recebê-las (Efésios 2:8-9).
2.3 Continuidade e descontinuidade entre AT e NT
Há uma clara continuidade na simbologia da Bainha como um recipiente de poder. No AT, a espada de Deus em sua Bainha simbolizava o julgamento contido; no NT, a espada de Pedro na Bainha simboliza a renúncia à violência em favor do caminho de Cristo. A orla da veste no AT era um lembrete da Lei; no NT, a orla da veste de Jesus torna-se um símbolo da manifestação da graça e do poder divino através da fé.
A descontinuidade reside na reinterpretação cristocêntrica. A "espada do Senhor" do AT é substituída pela "espada do Espírito, que é a palavra de Deus" (Efésios 6:17) no NT, e a violência física é repudiada pelo Messias. O formalismo da orla do AT dá lugar ao poder transformador da pessoa de Cristo, acessível pela fé. A Bainha, portanto, passa de um símbolo de contenção de um poder terreno a um símbolo da submissão à vontade divina e da manifestação da graça salvadora.
3. Bainha na teologia paulina: a base da salvação
A teologia paulina, com sua profunda exploração da doutrina da salvação, oferece um terreno fértil para considerações sobre a Bainha, embora de forma mais metafórica e conceitual. Paulo não usa a palavra grega koleos ou kraspedon para desenvolver um ponto doutrinário direto. No entanto, os conceitos de contenção, revelação, o contraste entre a Lei e a graça, e a natureza da "espada" como instrumento divino, são centrais em suas epístolas e podem ser iluminados pela simbologia da Bainha.
3.1 O conceito de contenção e revelação na doutrina paulina
Paulo frequentemente aborda a ideia de que o pecado foi "contido" ou "revelado" pela Lei, mas não erradicado por ela. A Lei, como uma "bainha" para a pecaminosidade humana, revelou o pecado (Romanos 7:7-13), mas não forneceu a solução. Ela serviu para "conter" o conhecimento do pecado e condenar o homem, mas não para justificá-lo. "Pois, pela lei vem o pleno conhecimento do pecado" (Romanos 3:20). A Lei funcionou como uma Bainha para a espada do pecado, mostrando sua presença, mas incapaz de neutralizá-la.
Em contraste, a salvação em Cristo é a "revelação" da justiça de Deus. "Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, testemunhada pela lei e pelos profetas" (Romanos 3:21). Cristo é o cumprimento da Lei e o fim da dependência dela para a justificação. A graça de Deus em Cristo é a "espada" desembainhada que realmente atinge o cerne do pecado e oferece perdão e nova vida. João Calvino, em suas Institutas, enfatiza que a Lei nos leva ao desespero de nós mesmos para que possamos buscar a Cristo.
3.2 Contraste com obras da Lei e mérito humano
A ordem de Jesus para Pedro de "meter a espada na Bainha" (Mateus 26:52) pode ser vista como uma metáfora da renúncia à tentativa de justificação pelas obras da Lei ou pelo mérito humano. Paulo argumenta vigorosamente contra a justificação por obras (Gálatas 2:16; Efésios 2:8-9). A "espada" das obras humanas, empunhada para tentar alcançar a retidão, é ineficaz e deve ser "recolhida à Bainha".
A salvação é pela graça, mediante a fé em Cristo, e não por qualquer esforço ou mérito nosso. Martinho Lutero, em sua teologia da justificação sola fide, enfatizou que a justiça de Deus é uma justiça imputada, não alcançada por nossos próprios atos. A tentativa de empunhar a "espada" das obras é um esforço fútil que nega a suficiência da cruz de Cristo. Paulo insiste que a "justiça de Deus" é "pela fé em Jesus Cristo para todos os que creem" (Romanos 3:22), uma justiça que é "revelada", não "contida" pelas limitações humanas.
3.3 Relação com justificação, santificação e glorificação
A simbologia da Bainha pode ser estendida para o ordo salutis (ordem da salvação) paulino. Na justificação, Deus nos declara justos com base na obra de Cristo, e nossa "espada" de autojustiça é permanentemente "embainhada". Não há mais luta para nos tornarmos aceitáveis a Deus por nossos próprios meios (Romanos 5:1).
Na santificação, o crente é chamado a "despojar-se do velho homem" e "revestir-se do novo homem" (Efésios 4:22-24). Isso implica em "embainhar" a "espada" de nossos desejos pecaminosos e, em vez disso, empunhar a "espada do Espírito, que é a palavra de Deus" (Efésios 6:17). A Palavra de Deus é a ferramenta ativa e penetrante que nos guia na santidade, cortando o pecado e moldando-nos à imagem de Cristo. O Dr. Martyn Lloyd-Jones frequentemente pregava sobre a necessidade de aplicar a verdade bíblica para combater o pecado e crescer em santidade.
Finalmente, na glorificação, a obra de salvação será plenamente "revelada" e completada. A "espada" da morte e do pecado será definitivamente vencida, e a justiça de Deus em nós será manifestada sem qualquer vestígio de contenção ou imperfeição. A Bainha, que antes continha o poder do julgamento ou a futilidade das obras, agora cede lugar à plena e gloriosa manifestação da redenção de Deus em Cristo.
4. Aspectos e tipos de Bainha
Ao aprofundar a análise da Bainha em uma perspectiva teológica, é importante reconhecer que não estamos lidando com "tipos" literais de bainhas no sentido doutrinário, mas sim com as diversas facetas e implicações simbólicas que a ideia de contenção, revelação, autoridade e fé associadas à Bainha bíblica podem ter. Essas facetas nos ajudam a compreender melhor conceitos doutrinários correlatos e a evitar erros teológicos.
4.1 O simbolismo de contenção e liberação
A Bainha como símbolo de contenção é uma das suas manifestações mais poderosas. No Antigo Testamento, a espada de Deus em sua Bainha representa a Sua paciência e longanimidade, a contenção de Seu julgamento imediato sobre a humanidade pecadora (2 Pedro 3:9). Esta é uma forma da graça comum de Deus, que permite que o sol se levante sobre justos e injustos (Mateus 5:45), dando tempo para o arrependimento.
A liberação da espada, por outro lado, simboliza o momento do julgamento divino, seja na história de Israel ou no dia final do Senhor (Apocalipse 19:15). A "espada desembainhada" é um ato de soberania divina, onde a justiça é plenamente executada. Esta distinção entre contenção e liberação é crucial para entender a dualidade da justiça e da misericórdia de Deus, que são perfeitamente harmonizadas em Seu caráter.
No Novo Testamento, a ordem de Jesus para "meter a espada na Bainha" (Mateus 26:52) representa a liberação da vontade de Deus sobre a vontade humana, a renúncia à violência e à autodefesa em favor do sacrifício redentor. Este é um momento de liberação do plano divino de salvação, que não seria alcançado pela força, mas pela obediência sacrificial de Cristo.
4.2 A Bainha como ponto de contato para a fé
A "bainha" ou orla da veste de Jesus (κράσπεδον) serve como um tipo de "ponto de contato" para a fé. Não é que a veste tivesse poder intrínseco, mas que a fé da mulher, ao tocar a Bainha, acessou o poder de Cristo. Esta "bainha" simboliza a acessibilidade de Cristo e de Seu poder através da fé. Ela nos lembra que a fé, mesmo que pequena, é o meio pelo qual a graça de Deus opera em nós (Marcos 5:34).
Esta manifestação é um exemplo de graça especial, a graça salvadora que se manifesta em indivíduos que respondem a Cristo com fé. Não é uma fé histórica ou intelectual, mas uma fé viva e salvadora que se apropria das promessas de Deus em Cristo. Charles Spurgeon frequentemente pregava sobre a simplicidade e a profundidade da fé que se agarra a Cristo, não importando as circunstâncias.
4.3 Erros doutrinários a serem evitados
Ao lidar com a simbologia da Bainha, alguns erros doutrinários devem ser cuidadosamente evitados. Primeiro, a atribuição de poder mágico ou intrínseco a objetos físicos. A Bainha da veste de Jesus não era um amuleto; o poder vinha de Cristo e era acessado pela fé da mulher. Qualquer forma de veneração de relíquias ou de atribuição de poder a objetos materiais sem a devida mediação da fé em Cristo é uma distorção perigosa da verdade bíblica e pode levar à idolatria.
Segundo, a interpretação da ordem de Jesus a Pedro como um pacifismo absoluto e universal para todas as esferas da vida, incluindo o Estado. A teologia reformada reconhece a doutrina dos dois reinos, onde o Estado tem o direito e o dever de usar a espada para manter a ordem e a justiça (Romanos 13:4). A ordem de Jesus a Pedro era específica para a natureza de Seu Reino espiritual e para o cumprimento de Sua missão messiânica, não uma proibição universal de toda força legítima.
Terceiro, a confusão entre a contenção do julgamento divino e a ausência do mesmo. A paciência de Deus não anula Sua justiça, mas a adia. A Bainha da espada de Deus não significa que ela nunca será desembainhada, mas que há um tempo determinado para tudo, conforme a soberana vontade de Deus (Eclesiastes 3:1). A teologia reformada sempre mantém o equilíbrio entre a graça e a justiça de Deus, reconhecendo que ambas são atributos divinos perfeitos e coexistentes.
5. Bainha e a vida prática do crente
A análise teológica da Bainha, embora baseada em conceitos simbólicos e metafóricos, oferece ricas implicações para a vida prática do crente. A perspectiva protestante evangélica conservadora enfatiza que a doutrina bíblica não é meramente acadêmica, mas deve transformar a vida, moldando a piedade, a adoração e o serviço do cristão. A Bainha, em seus múltiplos simbolismos, nos desafia a viver de acordo com os princípios do Reino de Deus.
5.1 A responsabilidade de "embainhar" a espada da carne
A ordem de Jesus a Pedro para "meter a espada na Bainha" (Mateus 26:52) serve como uma poderosa exortação pastoral para o crente. Na vida diária, somos tentados a empunhar a "espada" da retaliação, da raiva, da autodefesa pecaminosa, da fofoca, da crítica destrutiva ou da justiça própria. O Espírito Santo, no entanto, nos chama a "embainhar" essas armas da carne e a cultivar os frutos do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22-23).
Isso implica em uma responsabilidade pessoal de submeter nossa vontade à vontade de Cristo, de perdoar como fomos perdoados (Efésios 4:32) e de não retaliar o mal com o mal (Romanos 12:17-21). É uma chamado a viver de forma contracultural, confiando na soberania de Deus para nos defender e fazer justiça, em vez de depender de nossa própria força ou sabedoria. A verdadeira força do crente reside na sua dependência de Deus, não na sua capacidade de lutar suas próprias batalhas.
5.2 A fé que busca a "Bainha" de Cristo
O episódio da mulher com hemorragia que tocou a orla do manto de Jesus (Mateus 9:20) é um modelo de fé prática. Ela não buscou rituais complexos ou grandiosas demonstrações, mas com humildade e convicção, estendeu a mão para a "bainha" de Cristo. Para o crente, isso significa buscar a Cristo com fé simples e sincera em todas as circunstâncias da vida. Significa crer que Ele tem o poder de curar, perdoar, restaurar e sustentar, e que Ele é acessível a todos que O buscam.
Essa fé nos impulsiona à oração, ao estudo da Palavra e à comunhão com outros crentes. Ela nos lembra que não há situação desesperadora demais para a graça de Cristo. A "bainha" de Cristo, metaforicamente falando, está sempre disponível para aqueles que O buscam com um coração contrito e humilde (Salmo 34:18). É um convite constante para que nos apeguemos a Ele para todas as nossas necessidades, tanto espirituais quanto físicas.
5.3 O uso da "espada do Espírito" e o propósito da igreja
Enquanto somos chamados a "embainhar" as espadas da carne, somos também exortados a empunhar a "espada do Espírito, que é a palavra de Deus" (Efésios 6:17). Esta "espada" não deve permanecer em sua Bainha, mas deve ser usada ativamente na vida do crente e na missão da igreja. A Palavra de Deus é viva e eficaz, capaz de discernir os pensamentos e intenções do coração (Hebreus 4:12).
Para a igreja contemporânea, isso implica em uma pregação e ensino bíblicos robustos, que não diluam a verdade, mas a apresentem com clareza e poder. A igreja deve ser um lugar onde a Palavra de Deus é "desembainhada" para confrontar o pecado, edificar os crentes, equipar os santos para o serviço e proclamar o evangelho aos perdidos. A autoridade da igreja não reside em sua própria força ou sabedoria, mas na fidelidade à Palavra de Deus. A adoração deve ser centrada na Palavra, e o serviço deve ser motivado e guiado por ela.
Em suma, a simbologia da Bainha nos chama a um equilíbrio de renúncia e ação. Renunciar à nossa própria força e sabedoria, "embainhando" as espadas da carne e do mérito humano, e, ao mesmo tempo, agir com fé, buscando a Cristo e empunhando a "espada do Espírito" na batalha espiritual. É um convite à vida de piedade, adoração e serviço que glorifica a Deus e avança o Seu Reino, sempre sob a autoridade inerrante da Escritura e a centralidade inquestionável de Jesus Cristo.