Significado de Parmenas
A figura de Parmenas emerge nas páginas do Novo Testamento como um dos sete homens escolhidos para uma função crucial no início da Igreja Cristã. Embora sua menção seja breve, sua inclusão na lista dos primeiros diáconos em Jerusalém, conforme registrado no livro de Atos dos Apóstolos, confere-lhe um significado duradouro. A análise de sua persona, mesmo que limitada pelas informações bíblicas diretas, permite explorar temas de serviço, liderança e a organização da Igreja primitiva sob a orientação do Espírito Santo.
Este estudo se aprofundará nas implicações onomásticas, no contexto histórico, nas características inferidas, no significado teológico e no legado de Parmenas. A perspectiva adotada será a protestante evangélica, enfatizando a autoridade das Escrituras, a precisão exegética e a relevância cristocêntrica. A compreensão de figuras como Parmenas, mesmo que secundárias na narrativa bíblica, enriquece nossa percepção da formação da Igreja e dos princípios divinos para a vida eclesiástica e o serviço cristão.
1. Etimologia e significado do nome
O nome Parmenas (em grego, Παρμενᾶς) é de origem grega e não possui raízes hebraicas ou aramaicas diretas. Sua estrutura etimológica é derivada do verbo grego παραμένω (paramenō), que significa "permanecer junto", "manter-se firme", "perseverar" ou "abster-se de sair". Esta raiz sugere a ideia de constância, estabilidade e fidelidade.
Literalmente, o nome Parmenas pode ser interpretado como "aquele que permanece", "o constante" ou "o firme". Essa conotação é particularmente significativa no contexto em que ele é introduzido nas Escrituras. Ser escolhido para uma posição de serviço na Igreja primitiva exigia qualidades de perseverança e dedicação, especialmente diante dos desafios e perseguições iniciais enfrentados pelos cristãos.
Não há variações conhecidas do nome Parmenas em outras línguas bíblicas, nem outros personagens bíblicos que compartilhem esse nome. Sua unicidade na Bíblia destaca o indivíduo específico mencionado em Atos 6:5. A escolha de um nome grego para Parmenas é consistente com o contexto dos sete homens selecionados, todos eles com nomes gregos, indicando que eram judeus helenistas, ou seja, judeus de cultura grega.
A significância teológica do nome Parmenas, embora não explicitamente declarada na Bíblia como um simbolismo profético, pode ser inferida. A ideia de "permanecer" ou "ser constante" ressoa com princípios fundamentais da fé cristã, como a perseverança na fé (Hebreus 10:36), a constância no serviço (1 Coríntios 15:58) e a fidelidade aos mandamentos de Deus (João 15:10). Para um líder na Igreja, a firmeza de caráter e a perseverança no ministério são virtudes inestimáveis.
No contexto do serviço diaconal, a capacidade de Parmenas de "permanecer" firme em suas responsabilidades, mesmo diante de dificuldades, seria um atributo essencial. A Igreja nascente necessitava de indivíduos que não apenas fossem cheios do Espírito e de sabedoria, mas que também demonstrassem uma inabalável dedicação à causa do Evangelho. Assim, seu nome pode ter sido um reflexo ou um presságio de seu compromisso e estabilidade no serviço ao Senhor.
2. Contexto histórico e narrativa bíblica
Parmenas é introduzido na narrativa bíblica durante um período crucial da história da Igreja primitiva, aproximadamente entre os anos 30 e 40 d.C., logo após a ascensão de Jesus Cristo e o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. A Igreja em Jerusalém estava experimentando um crescimento exponencial, conforme relatado em Atos 2:41 e Atos 4:4, com milhares de pessoas se convertendo à fé cristã.
O contexto político e social da época era complexo. Jerusalém estava sob o domínio romano, mas a sociedade judaica mantinha suas estruturas religiosas e culturais. A comunidade cristã era composta por judeus nativos de Israel (hebreus) e judeus da Diáspora que falavam grego (helenistas). Essa diversidade, embora enriquecedora, gerou tensões, especialmente na distribuição diária de alimentos e auxílio às viúvas, conforme registrado em Atos 6:1.
A queixa dos helenistas de que suas viúvas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária de alimentos levou os apóstolos a buscar uma solução. Eles reconheceram que não podiam se desviar de sua principal vocação — a oração e o ministério da Palavra (Atos 6:4) — para se dedicar às tarefas administrativas. Foi nesse cenário de necessidade e de busca por uma estrutura organizacional mais eficiente que Parmenas foi escolhido.
A Bíblia não oferece informações sobre a genealogia ou origem familiar de Parmenas, o que é comum para muitos personagens secundários nas Escrituras. Contudo, o fato de ele ter um nome grego sugere fortemente que ele era um judeu helenista, o que o tornava uma escolha ideal para mediar e servir à comunidade de fala grega, que se sentia desfavorecida. Essa escolha demonstra a sabedoria dos apóstolos em selecionar líderes que pudessem se relacionar culturalmente com o grupo em questão.
A principal e única passagem bíblica chave onde Parmenas aparece é em Atos 6:5: "E este parecer agradou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas, e Nicolau, prosélito de Antioquia". Ele é listado como o sexto dos sete homens escolhidos para servir às mesas, um papel que mais tarde seria conhecido como diaconato.
A geografia relacionada a Parmenas é exclusivamente Jerusalém, o berço da Igreja Cristã. Não há menções de sua atuação em outras cidades ou regiões. Sua relação com outros personagens bíblicos importantes se dá por sua associação com os apóstolos que o elegeram e com os outros seis homens que foram escolhidos junto com ele, notadamente Estêvão e Filipe, que se tornaram figuras proeminentes na pregação do Evangelho e no serviço à Igreja, conforme narrado nos capítulos subsequentes de Atos.
3. Caráter e papel na narrativa bíblica
Embora a Bíblia não forneça uma descrição detalhada do caráter de Parmenas, podemos inferir suas qualidades a partir dos critérios estabelecidos pelos apóstolos para a seleção dos sete homens. Em Atos 6:3, os apóstolos instruíram a comunidade a escolher "sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria". A inclusão de Parmenas nesta lista significa que ele possuía essas virtudes essenciais.
A "boa reputação" (em grego, μαρτυρουμένους, martyroumenous) indica que Parmenas era um homem de integridade, respeitado pela comunidade cristã e, possivelmente, também pela comunidade judaica mais ampla. Essa qualidade era fundamental para garantir a confiança e a unidade em um momento de tensão interna na Igreja. Sua vida exemplificava os valores cristãos, tornando-o um modelo de conduta.
Ser "cheio do Espírito Santo" (em grego, πλήρεις Πνεύματος Ἁγίου, plēreis Pneumatos Hagiou) é uma das qualificações mais importantes. Isso significa que Parmenas não apenas havia recebido o Espírito Santo, como todo crente, mas que sua vida era caracterizada por uma profunda dependência e capacitação pelo Espírito. Essa plenitude do Espírito era essencial para exercer o serviço com discernimento, poder e amor, atributos divinos para o ministério.
A "sabedoria" (em grego, σοφίας, sophias) era outra virtude indispensável. No contexto da administração e do serviço, a sabedoria não se refere apenas ao conhecimento intelectual, mas à capacidade prática de aplicar a verdade divina para resolver problemas, tomar decisões justas e gerenciar recursos de forma eficaz. A sabedoria de Parmenas teria sido crucial para lidar com as complexidades da distribuição de alimentos e mediar conflitos.
Não há menção de pecados, fraquezas ou falhas morais documentadas para Parmenas nas Escrituras. Sua breve aparição o retrata exclusivamente como um exemplo positivo de serviço e fé. A ausência de detalhes negativos reforça a ideia de que ele era um homem de caráter íntegro, cumprindo os rigorosos requisitos estabelecidos pelos apóstolos para o diaconato.
A vocação ou função específica de Parmenas era a de um diácono, embora o termo formal "diácono" não seja usado em Atos 6 para descrever os sete. Eles foram escolhidos para "servir às mesas" (em grego, διακονεῖν τραπέζαις, diakonein trapezais), que é a raiz da palavra diakonia, significando "serviço". Este papel envolvia a administração dos recursos da Igreja, especialmente para o auxílio aos necessitados, e a resolução de disputas relacionadas a essa distribuição.
O papel desempenhado por Parmenas e os outros seis foi fundamental para a unidade e o crescimento da Igreja. Ao assumirem as responsabilidades administrativas e sociais, eles permitiram que os apóstolos se dedicassem à pregação do Evangelho e à oração, conforme Atos 6:4. Essa divisão de trabalho foi uma decisão-chave que permitiu à Igreja expandir-se sem negligenciar suas responsabilidades sociais ou espirituais.
As ações significativas de Parmenas não são detalhadas individualmente, mas sua eleição e o serviço subsequente foram cruciais para a resolução do conflito entre os judeus hebreus e helenistas. Sua participação no grupo dos sete garantiu que a Igreja continuasse a crescer em graça e número, conforme Atos 6:7. O desenvolvimento do personagem de Parmenas não é traçado, pois ele é mencionado apenas uma vez, mas sua inclusão na lista é um testemunho de seu caráter e serviço exemplares.
4. Significado teológico e tipologia
A figura de Parmenas, embora secundária, possui um significado teológico relevante para a história redentora e a revelação progressiva da Igreja. Sua eleição, juntamente com os outros seis, marca um momento seminal na organização da Igreja primitiva, estabelecendo um precedente para a estruturação de ministérios e a divisão de trabalho dentro do corpo de Cristo. Esse evento é fundamental para a compreensão da eclesiologia neotestamentária.
No que tange à tipologia cristocêntrica, Parmenas, como indivíduo, não prefigura diretamente Cristo. No entanto, o ofício do diaconato, do qual ele foi um dos primeiros representantes, reflete e aponta para a própria natureza de Cristo como o servo por excelência. Jesus veio não para ser servido, mas para servir (Marcos 10:45) e deu a vida como resgate por muitos. O serviço diaconal, exemplificado por Parmenas, é, portanto, uma manifestação da diakonia de Cristo na Igreja.
As qualidades exigidas para Parmenas e seus colegas – ser cheio do Espírito Santo e de sabedoria – são dons e virtudes que Cristo manifestou em plenitude e que Ele concede à Sua Igreja para o cumprimento de Sua missão. A capacidade de servir com discernimento e amor é um reflexo do caráter de Cristo e da capacitação do Espírito Santo, que habita nos crentes para capacitá-los ao serviço (João 14:12).
Não há alianças, promessas ou profecias bíblicas diretamente relacionadas a Parmenas. Sua importância reside mais no estabelecimento de um modelo funcional para a Igreja. Sua história conecta-se com temas teológicos centrais como o serviço cristão (diakonia), a unidade da Igreja, a importância da sabedoria prática e espiritual, a manifestação do Espírito Santo na vida dos crentes e a necessidade de ordem e boa administração no corpo de Cristo.
A eleição de Parmenas e os outros diáconos demonstra que a fé cristã não é apenas uma questão de crença individual, mas também de responsabilidade comunitária e social. A Igreja, como corpo de Cristo, é chamada a cuidar dos necessitados entre seus membros, um princípio que Parmenas ajudou a institucionalizar. Este cuidado é uma expressão prática do amor de Deus e da justiça divina (Tiago 1:27).
Embora Parmenas não seja citado ou referenciado no Novo Testamento fora de Atos 6:5, o evento de sua eleição tem um cumprimento teológico mais amplo. Ele estabeleceu o fundamento para o ofício do diácono, que Paulo posteriormente delinearia em 1 Timóteo 3:8-13, com qualificações que ecoam as de Atos 6. Assim, o serviço de Parmenas contribuiu para a doutrina e os ensinos associados à estrutura e ao ministério da Igreja.
O episódio em que Parmenas é escolhido ilustra a providência de Deus na organização da Igreja e na capacitação de líderes para suprir as necessidades da comunidade. Ele mostra que o serviço prático, mesmo que não seja o ministério da Palavra, é vital para o bem-estar e o avanço do Reino de Deus. A diakonia de Parmenas, portanto, é um testemunho da multiforme graça de Deus e da diversidade de dons e ministérios na Igreja (1 Coríntios 12:4-6).
5. Legado bíblico-teológico e referências canônicas
A única menção de Parmenas no cânon bíblico é em Atos 6:5, onde ele é listado entre os sete homens escolhidos para o serviço diaconal na Igreja de Jerusalém. Ele não é autor de nenhum livro bíblico, nem suas palavras são registradas. Sua contribuição, portanto, não é literária, mas reside no exemplo de seu serviço e no papel que ele desempenhou na formação da estrutura da Igreja primitiva.
A influência de Parmenas na teologia bíblica, embora indireta, é significativa. O evento de sua eleição e a instituição do diaconato em Atos 6 são considerados o fundamento para o ofício de diácono, um dos dois ofícios permanentes na Igreja, juntamente com o de presbítero/bispo, conforme desenvolvido por Paulo em suas epístolas pastorais (1 Timóteo 3:1-13; Tito 1:5-9). Este evento demonstra a importância da organização e da delegação de tarefas na Igreja.
Na tradição interpretativa cristã, Parmenas é frequentemente lembrado como um dos primeiros diáconos e, por extensão, um modelo de serviço abnegado. A tradição extra-bíblica, embora não canônica e carente de evidências históricas confiáveis, por vezes o associa ao martírio. Por exemplo, algumas fontes da Igreja primitiva, como Hippolytus de Roma (século III) e Eusebius de Cesareia (século IV), o mencionam como tendo pregado em diversos lugares e sofrido martírio, mas essas informações não são corroboradas pelas Escrituras.
Na teologia reformada e evangélica, o papel de Parmenas é visto como um exemplo da importância do ministério diaconal. Este ministério é valorizado por sua função de servir às necessidades práticas da congregação, promovendo a unidade, a justiça social interna e o testemunho de amor da Igreja. A teologia reformada, em particular, enfatiza a distinção entre os ofícios de presbítero (focado na Palavra e na doutrina) e diácono (focado na misericórdia e no serviço), ambos essenciais para a saúde da Igreja.
Os teólogos evangélicos conservadores frequentemente apontam para Atos 6 como a base bíblica para a estrutura de liderança da Igreja, onde os dons e chamados são diversos, mas complementares. O serviço de Parmenas e os outros diáconos permitiu que a Igreja crescesse não apenas em número, mas também em maturidade organizacional, demonstrando que a administração eficaz e o cuidado social são parte integrante da missão espiritual.
A importância de Parmenas para a compreensão do cânon reside em como sua história, embora breve, ilustra princípios fundamentais da vida da Igreja. Ele representa a verdade de que todo serviço, feito com integridade e sob a capacitação do Espírito Santo, é valioso aos olhos de Deus e essencial para o avanço de Seu Reino. Sua vida nos lembra que a fidelidade em tarefas aparentemente menores contribui grandemente para o propósito maior de Deus na história da redenção.
Em suma, Parmenas, cujo nome sugere "firmeza" e "perseverança", é um testemunho silencioso da graça de Deus e da importância do serviço dedicado. Sua inclusão na lista dos sete demonstra que Deus usa homens e mulheres de caráter e fé para cumprir Seus propósitos, mesmo que suas contribuições não sejam extensivamente detalhadas nas Escrituras. Ele permanece como um lembrete do valor do ministério de misericórdia e serviço na Igreja de Cristo.